Cássio Luiz Aragão Matos, Catiane Rocha Passos de Souza, Priscila Chéquer
A Pandemia do Coronavírus despertou a atenção sobre questões determinantes ao agravamento dos casos e evolução da Covid-19. O ineditismo da situação pandêmica se deve ao desconhecimento da doença que avança ainda sem vacina ou procedimentos médicos e uso de medicação que sejam parâmetros. Fatores socioeconômico e cultural, principalmente em grupos de riscos, intensificam as vulnerabilidades frente à doença. O primeiro caso de morte por Covid-19 foi identificado, no Brasil, em 17 de março de 2020, tendo como vítima um homem de 62 anos; e o primeiro caso positivo, anunciado em 26 de fevereiro deste ano, outro de 61 anos, que esteve na Itália.
A Pandemia pela Covid-19 promove a discussão em termos da efetividade de Políticas Públicas para o idoso, visto sua vulnerabilidade como grupo de risco, diante das comorbidades. Num salto qualitativo, espera-se também que confira cidadania, afastando o oportunismo do abandono, frente à necessidade de isolamento social.
Na cultura contemporânea, o envelhecimento está associado a aposentadoria e esta, a uma perda produtiva. Se no capital, o respeito está diretamente condicionado à produção de mercadoria, estar fora do processo produtivo, subentende uma perda de valor e de respeito nessa cultura de consumo. Na falta de acesso ao mercado de trabalho e ao emprego formal pela população jovem, economicamente ativa, muitas vezes, a aposentadoria termina sendo a única forma de sustento para toda a família. Além do impacto imediato na saúde, a pandemia está colocando as pessoas idosas em maior risco de pobreza, discriminação, vulnerabilidade, outras doenças físicas e psíquicas. Além de um quadro maior de desigualdade econômica, sobretudo, no Brasil. A taxa de mortalidade para idosos é mais alta no geral.
Um importante aliado no enfrentamento da crise sanitária é a tecnologia da informação e comunicação, que, além de informar, reduz a distância social a partir da conexão em redes sociais. Na contramão da informação que promove a prevenção, observamos nessas redes, no contexto da crise sanitária, crescentes manifestações da apelidada “corrente negacionista”, promovendo, sobretudo, a circulação de notícias de “curas” milagrosas, sem comprovação médica ou científica, além de negar mecanismos de proteção, por exemplo, o isolamento social.
A aceitação e potência desse negacionismo se ancoram em aspectos históricos que, no Brasil, se fortalecem na atual conjuntura: antipolítica, anti-intelectualismo e moralismo. O princípio que rege a corrente negacionista é o irracionalismo fundamentado na valorização das emoções, na devoção às paixões, na recuperação de um passado idealizado. Por isso, argumentos lógicos e científicos não funcionam, em boa medida, contra posicionamentos dos negacionistas.
O negacionismo científico durante a pandemia da Covid-19 foi bastante difundido pelo Presidente Jair Bolsonaro. Bolsonaro e seguidores que descumpriram publicamente as medidas protetivas, defenderam medicamentos sem comprovação científica, promoveram superstições e jejuns como mecanismos de combate ao vírus. Essas manifestações negacionistas contribuiram, sobremaneira, na circulação de fake news. A proliferação dessas manifestações afetam principalmente os grupos sociais mais vulneráveis, dentre eles, com destaque os idosos.
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