As plataformas digitais como ferramentas de acesso à música clássica: o caso OSESP

Isadora Minas Langaro Carneiro, Allan Tadeu Pugliese, Bianca Persici Toniolo

Nos últimos anos foi possível perceber um crescente interesse acadêmico e científico pelo consumo on-line de música, incluindo a maneira como orquestras e salas de concertos utilizam plataformas digitais para divulgar a sua produção. A Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP), fundada em 1954, foi apontada, em 2012, pelo jornal The Guardian e a BBC Radio 3, como uma das orquestras de ponta do circuito mundial. Presente nas redes sociais Facebook, Instagram, YouTube e Twitter, a OSESP, ainda, possui um website e um aplicativo para dispositivos móveis. 

Mas será que as plataformas digitais contribuem para tornar a música clássica mais acessível? A partir dessa indagação, desenvolveu-se um estudo com abordagens quantitativa e qualitativa. Aplicou-se um questionário on-line a moradores do estado de São Paulo, Brasil, com idades entre 20 e 49 anos a fim de entender o consumo de música clássica nos ambientes físico e virtual e, especialmente, a percepção deste público quanto à utilização de plataformas digitais como ferramenta de acesso à música clássica. O universo foi N = 19.901.842 e a amostra do estudo foi N = 195, o que se refere a uma margem de erro de ~ 0,50: 7%, pq = 0,75: 6,1% e pq = 0,90: 4,2%, para um nível de confiança de 95%. Os dados quantitativos foram analisados por meio de estatística simples e do cruzamento das principais variáveis, enquanto a análise dos dados qualitativos contou com o apoio do software NVivo.

Para além de responder à pergunta de investigação, o estudo também esteve centrado em verificar se a comunicação via plataformas digitais leva a música clássica a um público que não a consome em ambientes físicos, como apresentações e salas de concerto; se torna a música clássica ainda mais acessível para o público que já a consome em ambientes físicos; e se o trabalho da OSESP nas plataformas digitais consegue alcançar um público que não acompanha a orquestra em ambientes físicos.

Em relação aos resultados, pode-se afirmar que a comunicação digital das orquestras contribui, mesmo que de maneira tímida, para o consumo virtual de música clássica por pessoas que não frequentam salas de concertos ou apresentações presenciais. Com relação ao público que já consome música clássica em ambientes físicos, inferiu-se que tal consumo é reforçado, também timidamente, pela utilização de plataformas digitais. Quanto à influência que as plataformas digitais da OSESP exercem sobre um público que não a acompanha em apresentações presenciais, pode-se afirmar que ela é inexpressiva, oferecendo à OSESP um amplo espaço para evolução do seu conteúdo digital e consequente ampliação do seu público. Os dados apurados sugerem pouca relação entre o consumo de música clássica, seja em ambientes físicos ou em ambientes virtuais, e a comunicação desenvolvida pelas orquestras por meio das suas plataformas digitais.

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