Afetividades sem amarras – olhares para as sexualidades não monossexuais

Igor Cardoso Ribeiro, Karine Damasceno Eloy, Sandra Muñoz, Tainá Sousa da Silva

Diante de um cenário mundial pandêmico, o mundo passa por um período angustiante, em que viver os dias, se faz cada vez mais difícil e instável. Logo, a manutenção da vida e saúde, ler-se também saúde mental, das pessoas vivente em camadas marginalizadas pela sociedade vem ser ainda mais custoso. Corpas dissidentes (aglutinando todos os estereótipos, fenótipos e estilos de vida que não estão dentro da colonialidade normativa) vêm passando por adversidades que somam aos apuros comuns a vida, culminando em vulnerabilidades, derivadas primordialmente pelo descaso governamental que, em tempos de inflexão democrática, apresenta evidências de que nem todas as vidas realmente importam ao passo em percebemos o crescimento de taxas de violência e mortes por suicidio no Brasil. 

Assimilando este momento, propomos para esta mesa dialogar como subjetivam as pessoas que não vivem a vida heteronormativa em uma estrutura social que prega a heterossexualidade compulsória como norma basilar de sexuação, pretendemos construir o entendimento de como a colonialidade vigente permanecem orientando sexualidades e por quais repertórios subvertemos tais imposições culturais cotidianamente. Amparadas no fazer engajado comum as pesquisas antropológicas e etnográficas, aprofundaremos interlocução sobre a ideia e prática do amor livre, das relações fluidas, os relacionamentos abertos e o poliamor, fazendo uso da autoria pós moderna que conceitua a liquidez das relações amorosas ao explicar a fluidez imanente da contemporaneidade pós estruturalista. Com o objetivo de melhor compreender empiricamente sobre o saber nativo da comunidade LGBTQIA+ para com a dissidência pansexual, tão pouco estudada e difundida, aqui abordaremos o tema, elaborando apontamentos para entender as sociabilidades das pessoas pansexuais e suas distinções para com a bissexualidade, desmistificando espectros pejorativos e “pré-conceituosos” que foram construídos acerca do tema. Alinhadas a metodologia da pesquisa ação em conjunto com perspectivas teóricas de falar sobre si, apresentar os repertórios de identificação e cuidado, assim como, formas de se relacionar afetivamente e suas transversalidades é nosso objetivo com esta mesa, problematizando o quão as formas de vivenciar relações amorosas e sexuais ainda estão sob alicerces da colonialidade do poder como nos aponta.

Propor o pensar das afetividades a partir de outras cosmopercepções, fugindo ao  pensamento colonial que cria amarras para as formas de se relacionar. Ventilar que as sexualidades hoje tidas como dissidentes, em outras cosmologias integram a comunidade com seu papel social e importância a exemplo das comunidades dos povos originários antes da invasão ou os povos de África antes do sequestro. Pensar que, nas palavras de Sobonfu Somé, relacionamento é encontro de espíritos, e esse encontro ignora as convenções sociais baseadas na dominação, e que para enfrentarmos as amarras da colonialidade é preciso olhar por outros prismas.

Por fim, debater questões e paradigmas sobre sexualidades não monossexuais, explorando os conceitos de bisssexualidade e pansexualidade, afim de entender como essas sexualidades dialogam e divergem de forma fluida e relativa, ainda  em construção, traremos pesquisas e interpretações de vivências e experiências sociais, numa perspectiva subjetivo-coletiva.

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