“A música sacra do candomblé na modernidade: ressignificação e ocupação do espaço público”

Julice Oliveira Dias dos Santos, Taís Viana Villa Riberio, Gisélia de Jesus Pereira, Hilda Batista Brito Santa Rosa

A sessão de Comunicação “A Música Sacra do Candomblé na Modernidade: Ressignificação e Ocupação do Espaço Público”,  aborta o tema da difusão cultural do canto coral de matriz afro-brasileira e a ocupação do espaço público, a partir do trabalho realizado pelo Projeto Coro Oyá Igbalé: Difusão e Popularização da Música Sacra Afro-brasileira do Departamento de Educação do Campus I da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). O Coro Oyá Igbalé é um projeto acadêmico de natureza híbrida que contempla as áreas de extensão, ação afirmativa, produção de bens culturais e pesquisa. Difunde a música sacra afro-brasileira enquanto expressão do campo das artes e da cultura identitária. Conforme o arcabouço teórico que dá subsídio ao trabalho; a música do candomblé congrega uma estética própria, que se opõe a ideia de cultura canônica. Uma das principais metas é a defesa de que a música do candomblé é uma arte genuinamente brasileira. Corresponde a uma linguagem (música) cuja “Expressão” perpassa uma unicidade de signos e valores da Memória de Povos e Populações que fundaram o Brasil. A Memória desses cânticos integra o acervo difundido especialmente por Comunidades de Terreiro de diferentes Nações do Candomblé. O repertório é plural, cujus registros musicais podem ainda ser considerados “raros” e que só tiveram ascensão à esfera pública no séc. XX. A música do Candomblé passa por um processo contínuo de desaparecimento, transformações e ressignificações. Toma-se como referência a concepção de Modernidade de Michel Foucault que reconhece uma temporalidade história (descontínua) não essencialista, a saber: contempla um sistema de pensamento de um período histórico que reúne discursos e práticas discursivas que replicam uma mesma origem, ou pertencem ao mesmo a priori histórico. Ao optar pela concepção de Modernidade posta por Michel Foucault, reconhece-se que há um parâmetro histórico, ou material (documento) que permite pensar o objeto música sacra do candomblé. O sistema documental que tomamos como referência são os registros em áudio realizados a partir da primeira metade do século XX. São considerados registros coletados para base de pesquisa na área de Ciências Humanas e Artes, gravações de LP, CD, programas de rádio, conteúdo de plataformas digitais, dentre outras. O Coro Oyá Igbalé devido ao fato de ser lotado em uma universidade pública, já cumpre a função inclusão no espaço público em relação a difusão musical. Mas o alcance do que designamos como esfera pública, sinaliza para outros aspectos importantes: o fortalecimento de novos campos epistemológicos, como o pertencimento na Academia da estética afro-brasileira; a regularidade e recorrência dos mecanismos de difusão (ação continuada); e, o uso das novas tecnologias para ampliação do limiar da “esfera pública”. Tem-se como referência para a reflexão o conceito de “esfera púbica” de Kant. O Coro Oyá Igbalé difunde a memória das cantigas do Candomblé tendo como referência um repertório que replica os registros feios históricos, que já passaram por um processo de popularização e inclusão na esfera pública. A mesa reúne os fazedores de cultura (cantores voluntários) do Coro Oyá Igbalé da UNEB.

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