Experiências que descortinam reflexões em torno da ideia de pertencimento e despertencimento

Sarah Oliveira Carneiro, Cláudia Vasconcelos, Gislene Moreira

A mesa “Experiências que descortinam reflexões em torno da ideia de pertencimento e despertencimento” tem sustentação nos pensamentos que se viabilizam ao tomarmos como referência o dado de que estamos circundados/as, ou melhor, imersos/as em contextos sociohistóricos, políticos e econômicos atravessados por diversas formas de expressão cultural. Sendo assim, trata-se de uma mesa alinhada com a proposta do GT5. Por elegermos as diversas formas de expressão cultural como lente para observarmos a realidade social e por nos vermos interessadas em nossas investigações a refletirmos a transversalidade da cultura e da ecologia dos saberes nas sociedades contemporâneas, nos agrupamos nesta mesa a fim de realizarmos um debate integrando três diferentes pesquisas que se tocam no conceito de pertencimento e despertencimento. As pesquisas aqui reunidas analisam como a dimensão da cultura perpassa o fenômeno da migração internacional; como os deslocamentos de fronteiras simbólicas vivenciados por Luiz Gonzaga e Gonzaguinha permitem afirmar que ambos compuseram discursos insubordinados em relação à perspectiva hegemônica de brasilidade, e como jovens sertanejos/as estão reconstruindo seus vínculos identitários com o território e a natureza em um cenário de globalização periférica. No tocante à migração, o estudo apresentado se volta para os processos de fixação de imigrantes brasileiros/as na cidade de Paris, mas particularmente os processos de fixação que utilizam como recurso a cultura brasileira, ou seja, recorrem a atividades ligadas à dança, música, capoeira e à gastronomia. As reflexões recaem sobre os processos criativos, econômicos, políticos e interculturais que são desencadeados quando a fixação do/a imigrante no país de recepção se desenvolve a partir da sua cultura de origem. O segundo estudo investiga como Luiz Gonzaga e Gonzaguinha, os quais são compreendidos na pesquisa como representantes de culturas subalternizadas, a saber: Sertão/Nordeste e morro/favela, se moveram rumo ao improvável pertencimento a um “panteão” da Música Popular Brasileira. Esses dois artistas, de diferentes modos, confrontaram padrões de comportamento numa sociedade marcada pela lógica colonial, definidora de quem deve estar “dentro” e quem deve estar “fora”. E, por fim, a pesquisa sobre juventude e sertões contemporâneos analisa as transformações identitárias e os impactos da globalização nos novos modos de vida a partir das produções culturais da música, cinema e literatura, consumidos pelos/as jovens sertanejos/as nos anos 2000. O estudo se dedica a compreender como estas inovações culturais refletem reconfigurações identitárias que tensionam na fronteira entre modos tradicionais dos sertões, a desterritorialização cultural da globalização, mas também pela fluidez que leva a outros sertões possíveis.  

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