Resultados finais da pesquisa “impactos da covid-19 na economia criativa”

Raíssa Santos Caldas Almeida, Carlos Magno Guerra, Luiz Gustavo Campos

O Observatório da Economia Criativa da Bahia (OBEC-BA), entendeu, logo no início da pandemia, que era urgente criar mecanismos para registrar, monitorar e analisar suas consequências nos setores culturais e criativos. A pesquisa “Impactos da COVID-19 na Economia Criativa” foi desenvolvida em março de 2020 para coletar dados, promover análises e gerar subsídios para os debates e para as políticas públicas de enfrentamento aos efeitos da crise sanitária que tem atingido indivíduos e organizações. Primeira pesquisa nacional com este formato e propósito, foi desenvolvida para identificar o perfil, os impactos, as estratégias e as percepções dos diversos profissionais e organizações que compõem os setores da economia criativa no Brasil. A coleta de dados ocorreu entre os dias 27 de março e 23 de julho, e obteve 1.910 respostas válidas que foram analisadas.
A equipe da pesquisa optou por ampliar a perspectiva da avaliação de impacto para além da dimensão econômica, agrupando os temas investigados em três: I) Impactos estimados da COVID-19 – Identificação do perfil dos impactados, a proporção das atividades afetadas, a escala de grandeza das perdas financeiras, receitas mais afetadas e repercussões no mercado de trabalho da economia criativa; II) Estratégias e necessidades – Levantamento da percepção do setor criativo em relação às estratégias de enfrentamento que estão sendo acionadas e as principais necessidades, incluindo as não atendidas; III) Relações prévias com mecanismos de financiamento à cultura – Identificação da relação dos agentes culturais, nos últimos cinco anos, com os três níveis de governo no Brasil, com instituições privadas de crédito e com organizações estrangeiras, através dos mecanismos de fomento mais tradicionais (apoio direto, incentivo fiscal e crédito).
Parte dos resultados foram previamente divulgados nos “Boletins Resultados Preliminares”. Entre os resultados finais, destacam-se:
Até o mês de março, 80,7% dos respondentes não possuíam vínculo empregatício formal, recebia até 3 Salários Mínimos (SM) e apresentava uma carga horária de trabalho alta (31,5% trabalham mais de 45h semanais). Em média, 83,7% das organizações e indivíduos alegam terem sido muito impactados pela suspensão de atividades e indicam maior dificuldade de captação de recursos junto a entidades privadas e públicas. Apesar dos cancelamentos de atividades, o setor criativo não ficou paralisado: tanto indivíduos (45,1%) quanto organizações (42%) estavam desenvolvendo novos projetos e produtos durante o período de distanciamento social. Entre as principais medidas citadas pelos respondentes para recuperar o setor, o auxílio emergencial é a mais recorrente entre os indivíduos. Organizações solicitam desoneração tributária, o perdão de dívidas e apoio na manutenção, incluindo suspensão de contas de custeio e apoio para pagamento de funcionários.

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