Consumo cultural na pandemia – investigação preliminar sobre dados de consumo cultural no brasil em 2020
Sergio Sobreira Araujo, Deolinda Catarina França de Vilhena, Ivie de Oliveira Santos Leone, Wallace Nunes Teixeira
O consumo cultural é o encontro entre públicos e bens, produtos e serviços artísticos, através de uma série de práticas de aquisição e fruição, que pode ser presenciais, mistas e/ou mediadas à distância, por meios eletrônicos e digitais. A pandemia de COVID-19, causada pelo novo corona vírus, desde que foi deflagrada no início desse ano, vem transtornando e impactando todas as dimensões da vida contemporânea, atingindo de modo especial aqueles setores cujas dinâmicas dependem essencial e estruturalmente de atividades motivadas e organizadas pela reunião de pessoas, já que as medidas sanitárias adotadas para controle e combate epidemiológico de disseminação do vírus adotaram o isolamento social e o confinamento como parte fundamental dos meios de combate à disseminação da doença, através da recomendação taxativa de se evitarem as aglomerações de pessoas. Com isso, espaços como teatros, cinemas, bibliotecas, museus e centros culturais foram diretamente atingidos, levando a suspensão ou mesmo encerramento de suas atividades. Adotaram-se medidas que impediram os eventos culturais presenciais, o que resultou em condicionar e limitar a fruição de bens, produtos e serviços artísticos à transmissão e mediação eletrônica ou a acervos existentes e/ou adquiridos para consumo privado. A “presença” foi substituída por “à distância” e o “ao vivo” foi convertido em “Live”, numa radical reconfiguração das práticas e hábitos de consumo de cultura. Desde então, os agentes das cadeias produtivas da cultura, especialmente os que ainda dispõe de capacidade de articulação, gestão, investimento e criatividade, tentam reorganizar os modelos de negócios, assim como o campo institucional busca formular estratégias de fomentar o oferta e acesso para que o contato das pessoas com as artes e a cultura seja possível, numa reengenharia de processos e produtos que afetam tanto os criadores e produtores de cultura, como seus consumidores. Nesse momento, após aprovação da Lei (federal) Aldir Blanc de apoio emergencial à cultura, os organismos estaduais e municipais estão com editais em andamento para prover artistas e entes artísticos de recursos de subsistência. Ainda assim, faltam dados que indiquem como estão as relações de consumo sob tais configurações, de modo que faz-se necessário investigar como estão se dando essas práticas e foi com esse escopo que o Grupo de Estudos e Pesquisas em Públicos e Mercados Culturais – GEPMEC, coordenado pelo Prof. Sérgio Sobreira (FACOM/UFBA), e o Grupo de Estudos e Pesquisas em Produção Teatral – GEPPTRAL, coordenado pela Profa. Deolinda Vilhena (ET/UFBA), formaram parceria e desenvolveram uma pesquisa sobre práticas de consumo cultural durante a pandemia. Optou-se pela construção e aplicação de um questionário, disponibilizado on-line, envolvendo quatro segmentos de sondagem, a saber: 1 – a identificação e composição dos públicos através de dados censitários (idade, gênero, renda, escolaridade, etnia, estado civil, orientação sexual, religião e residência); 2 – as práticas de consumo de cultura durante a pandemia; 3 – o perfil econômico dos gastos e investimentos em bens, produtos e serviço artísticos durante a pandemia; 4 – as práticas de consumo de cultura antes da pandemia, de forma a constituir uma base de dados que permitam análises comparadas e dimensionar possíveis impactos na habitualidade das práticas de consumo cultural. O questionário foi disponibilizado por trinta dias, através de ampla divulgação por meio de campanha digital (redes sociais, e-mail marketing etc.), estando aberto a coleta a partir do dia 15 de setembro de 2020. Nesse momento, se encontra em fase de tabulação de dados, através da geração de dados consolidados em planilha Excel. Dentro do cronograma estabelecido, as próximas semanas serão dedicadas as análises e delineamento de perfis de consumo, de forma a produzir uma panorâmica a ser lançado no final de novembro com indicadores e referências que permitam o delineamento (o que, como, onde e quando) das dinâmicas de consumo de arte e cultura em contextos de pandemia.
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