Cultura participativa e democracia em tempos de crise: redes sociais e cidadania
Adriana Jacob, Alice Vargas, Beatriz Ribas, Silvia Mota Dantas
Vivenciamos um momento de profundas transformações comunicacionais, em que produtores e consumidores de conteúdo interagem segundo um conjunto de novas regras, que ainda vêm sendo desenvolvidas e compreendidas. Um cenário em que o fluxo de conteúdos através de múltiplas plataformas midiáticas associa-se à participação ativa dos consumidores e cria uma potência para a reconfiguração social e política. A mesa “Cultura participativa e democracia em tempos de crise: redes sociais e cidadania” propõe-se a discutir elementos e narrativas que configuram a ambiência em rede, com o intuito de vislumbrar desafios desse novo contexto de transformações tecnológicas, mercadológicas, culturais, políticas e sociais.
Para empreender a discussão, a mesa reunirá quatro trabalhos que apresentam questões significativas para compreender as dinâmicas da cultura digital e seus entrelaçamentos com a democracia em diferentes momentos de crise. Nosso espectro vai da distribuição de notícias em meio à crise da desinformação, passando pela influência política das narrativas fictícias e do humor em rede, até as políticas culturais em meio à pandemia, tendo como fio condutor as redes sociais enquanto ambiência possível para uma cultura participativa.
A pesquisa “Indicadores de análise das propostas do Canal Reload para distribuir e explicar notícias em redes sociais” analisa a inovação na prática jornalística em meio a processos de desinformação, perda de confiança nos jornalistas e disputa pela atenção do público nas redes sociais. Trata-se de um estudo preliminar sobre um canal de notícias criado por dez organizações jornalísticas empenhadas em conectar a juventude com a democracia e a cidadania. A investigação integra o processo de inovação em jornalismo realizado no curso de comunicação da Unijorge.
Já os entrelaces entre humor e política nas narrativas das mídias sociais integram o trabalho “Dilma Bolada: cultura participativa, política e humor”, que analisa a personagem humorística Dilma Bolada. Inspirada na presidenta Dilma Rousseff, a personagem mobilizou um público de cerca de três milhões de pessoas que curtiam, comentavam e compartilhavam suas publicações durante a crise política que culminou com a saída do cargo da primeira presidenta do Brasil. Um ambiente rico para investigar características que permitiram a essa criação fictícia tornar-se um fenômeno da cultura digital.
O cenário atual de crise e seus reflexos na economia da cultura configuram o contexto do trabalho “Impactos da pandemia no setor artístico-cultural cultural brasileiro: mobilização, pressão política e conquistas”. O estudo analisa o modo como a categoria uniu esforços e, através de intensa mobilização nas redes sociais, conseguiu a aprovação da Lei Aldir Blanc, para auxílio emergencial ao setor. Sua mobilização é um campo rico para observar o potencial democrático possibilitado pela internet.
Em meio às inúmeras possibilidades oferecidas pela cultura digital, apenas alguns atores destacam-se e conquistam visibilidade e poder midiático. O trabalho “Redes sociais: a fórmula do conteúdo rei” observa as características de um dos cernes da cultura digital: a produção de conteúdo. A análise contempla os elementos diferenciais na produção do conteúdo em rede, a exemplo do contexto, das comunidades – associadas a dinâmicas de pertencimento e identitárias, e do compartilhamento – fundamental para a cultura participativa.
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