O lugar da mulher na ficção televisiva contemporânea
Sónia de Sá, Louise Souza, Livia Glória, Mateus Fonseca
A proposta apresenta quatro análises a quatro séries de ficção televisiva – 3 Mulheres (Vendrell, 2018), Coisa Mais Linda (Cedroni & Roth, 2019), Normal People (Abrahamson & Macdonald, 2020) e Euphoria (Levinson, 2019) –, a partir da representação da mulher nestas obras. Pretende-se, portanto, uma análise do lugar da mulher na narrativa e no espaço de fala, ou seja, nos protagonismos que estão a ser entregues às personagens femininas nas séries televisivas da atualidade (2018-2020). Os resultados indiciam que, por um lado, a mulher está a ganhar espaço de prevalência de personagem principal na ficção televisiva serializada em diversos países, contudo, por outro, mantém traços de vítima, emotiva e impulsiva, em contraposição com o personagem homem, representado, maioritariamente, como líder e decisor.
Título: A mulher feminista portuguesa e o Estado Novo em “3 Mulheres”
Autora: Sónia de Sá (LabCom, Universidade da Beira Interior)
Resumo: A partir das histórias de três feministas portuguesas – Snu Abecassis, Natália Correia e Maria Armanda –, a série 3 Mulheres (Vendrell, 2018) traz para a ficção televisiva contemporânea perspetivas sobre o feminismo ativo em Portugal no período do regime salazarista, numa representação da busca pela igualdade de género e de independência da mulher sobre o homem-pai, o homem-patrão, o homem-marido, o homem-filho. A partir de uma análise fílmica, esta comunicação categoriza o feminismo na série. Os primeiros dados indicam que as três personagens femininas são representadas como independentes, fortes e líderes, não obstante, sempre ligadas a um – ou vários – personagens masculinas que detêm algum – ou muito – poder sobre aquelas.
Título: A representação do machismo na série “Coisa mais linda”: um paralelismo de épocas
Autora: Louise Souza (Universidade da Beira Interior)
Resumo: A série brasileira “Coisa mais linda” (Ortiz, Prata & Rezende, 2019) retrata a vida de mulheres de diferentes contextos sociais nos anos de 1950. Época em que a vida profissional e social feminina, na ausência da companhia de uma figura masculina, era considerada vulgar e malvista por grande parte da sociedade, inclusive outras mulheres. Entretanto, apesar da série se passar em 1950, retrata uma realidade que as mulheres ainda são obrigadas a enfrentar. Este paralelismo de épocas coloca em evidência problemas já enraizados há anos na sociedade que podem ser resumidos em um termo, denominado “machismo”. O que parece ser uma ideia antiquada e sem muito sentido naquela época, ainda pode ser facilmente observada nos dias de hoje, da forma mais evidente, mesmo que mais sutil.
Título: A diversidade feminina na geração Z nos EUA retratada na série Euphoria
Autora: Lívia Glória (Universidade da Beira Interior)
Resumo: As séries televisivas ficcionais têm enquadrado elementos e contextos sociais da realidade contemporânea. A partir desse intuito, a série da HBO, Euphoria (Levinson 2019), apresenta sete jovens como personagens principais, representantes da geração Z. Mostrando como esses personagens lidam com a juventude atual, tendo uma enorme facilidade de acesso à informação por causa da internet, que disponibiliza temas como drogas, pornografia e falsificação identitária, em seu cotidiano. Dentro dessa realidade, cinco das sete personagens são mulheres, apresentando entre si grande diversidade na forma como se entende ser mulher. Na série, algumas lidam com problemas já recorrentemente apresentados na televisão e na mídia num geral, como problemas femininos, por exemplo, a violência doméstica, e outros menos falados, como a visibilidade do transgênero. Porém, como indica a nossa análise, mesmo dentro dessa representação maioritariamente feminina, ainda nos deparamos com a masculinidade tóxica e o machismo recorrente, modificando o rumo de muitas das mulheres da série.
Título: Reflexos da realidade feminina contemporânea na ficção Normal People
Autor: Mateus Fonseca (Universidade da Beira Interior)
Resumo: Os meios de comunicação audiovisual e as plataformas de streaming estão ganhando mais espaço na vida de muitos indivíduos e, com isso, têm moldado as realidades sociais, seja com base em estereótipos ou, em alguns casos, através de correlações fidedignas. A partir deste princípio, foi analisada a ficção Normal People (Abrahamson & Macdonald, 2020) com o intuito de identificar o modo de representação da personagem feminina dentro da narrativa e suas realidades sociais correspondentes, ou não, à sociedade contemporânea. Através da análise de conteúdo da série, podemos observar a predominância do papel feminino retratando a realidade humana como fator principal, em que é tratado questões pertinentes como a violência doméstica e psicológica e suas implicações durante a formação da juventude. Para além disso, em relação a personagens secundárias, vemos a prevalência de estereótipos ligados a mulher e ainda a problemática da construção masculina como ser dominante e violento. Palavras-chave: Mulher; retrato; reflexo; ficção; Normal People
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