Gênero, cultura e a gestão dos saberes afro-diaspóricos

Laura Santos Franco, Rosângela Janja Araújo, Marilda Santanna, Dayane Assis

A mesa Gênero, Cultura e a Gestão dos Saberes Afro-diaspóricos interrelaciona aspectos das culturas negras na América Latina identificando no cotidiano fazeres de resistência especialmente quando articulados e protagonizados por mulheres. Neste sentido, intenta contribuir para a difusão do conhecimento sobre como as mulheres negras estão inseridas nos espaços de gestão desses saberes, evidenciando singularidades de serem lideranças femininas neste contexto, alterando cenários e realidades. O objetivo é intercalar falas de pesquisadoras do campo de gênero, arte e cultura popular, investigadoras das experiências oriundas dessas vivências em comunidades tradicionais de matrizes africanas ou afro-indígenas e que abordam práticas culturais como práticas de extrema potência para pensarmos as reinvenções negras da diáspora.

A pesquisadora Nzinga Mbandi, Dayane Assis, (Doutoranda PPGNEIM/UFBA) nos trará o universo do Congado Mineiro e a importância dos Reinados como vivência fundamental para mulheres e as sociabilidades com o seu entorno. Pensando cada uma delas como Negras do Rosário, a pesquisadora reflete sobre as forma como gênero, raça e religiosidade se interseccionam dentro das guardas de congado.

A pesquisadora Verônica Navarro (Doutoranda PPGAC/UFBA) apesentará reflexões sobre as matrizes estéticas do carnaval do Noroeste Argentino, especificamente na Quebrada de Huamahuaca em Jujuy. A partir do sentir-pensar da cosmogonia andina, abordará processos indenitários dos rituais e simbologias, principalmente o ritual da terra, como matrizes estéticas onde se reconfiguram discursos e práticas mediadas por negociações de valores, ideologias e perspectivas das culturas afro-ameríndias.

A Profa. Dra. e Mestra de Capoeira Janja Araújo, com trabalhos na interface dos estudos sobre gênero, raça, cultura e desenvolvimento, nos trará reflexões, a partir do Feminismo Angoleiro, sobre mulheres, educação e cultura afro-brasileira no contexto da capoeira, com foco nas experiências do Encontro Chamada de Mulher, projeto permanente do Grupo Nzinga de Capoeira Angola.

A pesquisadora Laura Franco (Doutoranda POSCULT/UFBA) trará como tema o movimento de articulação de mulheres tamboreiras na cidade de Salvador (BA) para criação e ampliação de coletivos de tambor femininos e feministas comprometidos em questionar dinâmicas de reprodução das assimetrias de poder entre homens e mulheres na cultura popular percussiva. Refletindo a potência decolonial desta ação, a pesquisadora enfoca o consequente desenvolvimento de estratégias próprias de difusão dos saberes percussivos entre mulheres que apontam para uma pedagogia feminista de tambor.

A Profa. Dra. Marilda Santanna (PPGNEIM/UFBA, POSCUTL/UFBA) apresentará uma investigação sobre a genealogia da intérprete negra na música popular brasileira na era fonográfica. A partir de uma análise que tem por base a representação da voz negra na música popular nos seus aspectos estéticos, tecnológicos, históricos e identitários, nos convidará a problematizar aspectos de gênero, raça e classe de maneira interseccional. Buscando sair da esfera do samba como único espaço reconhecível de trânsito da intérprete negra no Brasil, a pesquisadora então tece compreensões da música popular brasileira como lócus e focos de resistência destas vozes.

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