Democracia, cultura e universidade pública: diversidade e resistência no Brasil

Sophia Cardoso Rocha, Alexandre Almeida Barbalho, Anna Christina de Queiroz Rodrigues, Hortência Silva Nepomuceno dos Santos

As universidades públicas brasileiras vem se consolidando ao longo do tempo como espaços de referência de produção cultural. Apesar do surgimento tardio, comparado a outros países da América Latina, as universidades no Brasil foram se especializando e criando estruturas e instrumentos especificamente direcionados ao ensino, pesquisa, produção, circulação e gestão da cultura, a exemplo da oferta de cursos de graduação e pós-graduação em dança, cinema, artes visuais, literatura, gestão cultural, museologia, música, arquitetura etc.; formação de corpos estáveis, como orquestras, grupos de dança e companhias de teatro; disposição de equipamentos culturais, a exemplo de museus, bibliotecas, cinemas, laboratórios e teatros; composição de corpo técnico-administrativo especializado, tais como produtores culturais, fotógrafos, arquitetos, coreógrafos e museólogos; formação de grupos e centros de pesquisa dedicados à área, dentre outros. Por sua vez, o estudo da trajetória das universidades públicas no Brasil permite observar como elas se constituíram como locus de resistência política, sendo espaço de referência na defesa de princípios democráticos, como o direito universal ao ensino gratuito e o respeito à liberdade de expressão. Não é à toa que em momentos de tensionamento e violação ao Estado democrático, as universidades públicas são alvo de ameaça e violência, também aplicadas aos agentes e instituições do campo cultural. É o que vem acontecendo no Brasil nos últimos anos, onde a arte, a cultura, a universidade pública e a ciência passaram a ser consideradas “inimigas do povo” por parte do Poder Executivo Federal, que vem empreendendo uma verdadeira campanha de desinformação, descrédito e difamação contra esses setores. Considerando o contexto atual e a importância de se refletir sobre o papel das universidades públicas enquanto organizações científicas e culturais, é que se propõe a presente mesa. O debate será organizado em torno de quatro exposições: (1ª) “Universidade, cultura e democracia”, que apresentará um panorama histórico do papel das universidade brasileiras na promoção da cultura e da democracia; (2ª) “Cultura e Universidade: a pesquisa do Mapeamento Cultural da UFBA”, que demonstrará por meio de um estudo de caso como a universidade se constitui como organização cultural; (3ª) “Desafios para a construção de políticas culturais nas instituições públicas de ensino superior”, que abordará o processo de elaboração de políticas e instrumentos tendo por experiência a formulação do Plano de Cultura do Instituto Federal da Bahia; e (4ª) “Universidades públicas federais do país e seus espaços de lutas culturais”, onde será apontado os espaços e anseios de ocupação nas universidades como fontes de resistência da cultura.

A proposta dessa mesa faz parte do conjunto de ações do Coletivo de Políticas Culturais do Centro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (CULT), que integra o Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Prof. Milton Santos (IHAC), da Universidade Federal da Bahia (UFBA).

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