O que é bom? Memórias de uma geração com cheiro de café

Info

Autoria - Carolina Beleño Garcia, Lic., Baila la Vida, colombiana; - Valerie V. V. Gruber, MA, Universidade de Bayreuth, alemã; - Diana Mignano, MA, Universidade de Bayreuth, colombiana/alemã; - Gilbert Shang Ndi, Dr., Universidade de Bayreuth, camaronense; - Matchume Zango, BA, Nzango Artist Residency, moçambicano.

Detalhes

Na Colômbia, mais de 6 milhões de pessoas foram obrigadas a abandonar suas terras por causa dos diferentes tipos de violência gerados por grupos ilegais. Deste trauma colectivo nasceu a obra de videoarte “Memórias de uma geração com cheiro a café” (https://www.youtube.com/channel/UCJqjVHb51dufmjosl7q2k2w) dirigida pela bailarina e coreógrafa colombiana Carolina Beleño Garcia em colaboração com o músico e compositor moçambicano Matchume Zango. Com o lançamento da obra de videoarte, os organizadores desta mesa pretendem promover um debate sobre a situação sócio-política em que a própria obra se insere e, da mesma forma, refletir sobre as linguagens artísticas que a ressignificam. Com isso, abordam o papel decisivo da arte na investigação das feridas da comunidade, dos pesadelos coletivos e das possibilidades de revalorização das relações humanas em um contexto de violência tanto somática quanto estrutural. Os palestrantes são membros da rede DjumbaiALA (www.djumbaiala.com) que tem como objetivo promover diálogos transdisciplinares entre artistas, acadêmicos e ativistas da América Latina e África. A obra de videoarte que será apresentada e discutida nesta mesa é uma memória que se tornou má memória de uma das tantas famílias que deixaram para trás tudo o que outrora construíram com o suor. Mães que deixaram os corpos de seus filhos caídos no chão e muitos outros enfrentando o sofrimento do recrutamento forçado. Esta situação que se mantém há décadas é expressa no poema ¿Qué es lo bueno? a partir do qual se desenrola a composição musical e a dança coreográfica. O vídeo é uma reflexão ética e estética sobre a violência, o medo e os silêncios, mas também sobre o consolo, a esperança e as possibilidades de cura. As melodias são traduzidas em movimentos corporais que exorcizam fantasmas do passado que são repassados às próximas gerações, graças às noites sem dormir e às discussões políticas, sociais e culturais que são geradas nas conversas dos avós, seus filhos e netos. Esta é uma história que não tem fim, mas termina com um novo começo. Desta forma, a obra “Memórias de uma geração com cheiro de café” representa a principal missão da DjumbaiALA: criar espaços virtuais e presenciais que permitam conectar, compartilhar e trocar histórias de comunidades que vêm de diferentes lugares mas com passados e processos partilhados, que lutam, trabalham e (re) criam para gerar mudanças culturais, sociais e políticas e assim poder (re) imaginar novos começos para além dos mares, fronteiras e restrições. Nesse sentido, o trabalho é fruto de um intercâmbio transatlântico entre artistas, pesquisadores e líderes sociais que se estabeleceu durante a pandemia e demonstra possibilidades inspiradoras de cocriação de conhecimento artístico e acadêmico com base no princípio da reciprocidade e da aprendizagem mútua.