Estúdio África – Coleções Atlânticas

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Autoria Goli Almerinda de Sales Guerreiro

Detalhes

A proposta consiste na apresentação de uma Mostra das Coleções Fotográficas criadas em Salvador e em Dakar, em estúdios de rua, montados por um dia. A apresentação do Estúdio África – Coleções Atlânticas inclui, além dos portraits, um audiovisual de 4 min sobre o processo criativo da Coleção Salvador (esboços no ateliê de criação, montagem dos fundos na feira da comunidade, depoimentos e tomadas de fotos) e uma seleção de fotografias do processo criativo da Coleção Dakar (compra de material no mercado de Pikine, ateliê de criação do fundo decorativo, contexto comunitário do bairro de Yaraax, na periferia de Dakar, onde as fotos foram registradas em um fundo decorativo inspirado em Salvador). A primeira ação do Estúdio África criou os retratos da Coleção Salvador (2017) feitos em três fundos decorativos, pintados em grafite pelo artista visual baiano Eder Muniz, que recriam cenas de cidades africanas, no Senegal e no Benin (Dakar, Saint Louis e Uidá). Os fundos foram concebidos para permitir a interação do público e simulam a realidade, quando forjam o deslocamento dos retratados para cidades da costa ocidental da África. As peças em madeira naval de 1,80m x 1,50m, foram instaladas como um estúdio de rua, no bairro de Castelo Branco, quando moradores e frequentadores da feira dominical foram convidados a se deixar fotografar por Arlete Soares (veterana fotógrafa baiana, especialmente convidada).

Quando veiculadas pela internet, as imagens da Coleção Salvador foram visualizadas em Dakar pelo dramaturgo senegalês Mamadou Diol, criador do grupo de teatro Kaddu Yaraax. A realização da Coleção Dakar (2018) partiu do convite de Diol para que o Estúdio África fosse realizado no Senegal.

O Estúdio África cruzou o Atlântico e desta feita um fundo decorativo também pintado por Eder Muniz in loco (grafitado em peça de lona com 4m x 2,80m), inspirado em Salvador da Bahia, foi instalado no bairro de Yaraax, como estúdio de rua, no qual a comunidade foi fotografada para a criação da Coleção Dakar. (Nesta Coleção as fotografias são de Eder Muniz e Goli Guerreiro – proponente, criadora e curadora do Projeto).

Artes visuais e antropologia estética se uniram no Estúdio África para realizar, nos dois lados do Atlântico, uma experiência fotográfica afro-brasileira, que difunde conhecimento sobre arte africana e trocas diaspóricas.

O Estúdio África inspira-se não somente na história da fotografia na África ocidental como na atualidade de suas práticas. A originalidade dos fundos decorativos dos estúdios de Gana, chamados de “fundos falantes”, que buscam simular a realidade e confrontam de forma radical a estética europeia; a experiência do Cinema Digital Móvel do Mali, criado por Kadhija Sidibé, que se utiliza de fundos decorativos ambulantes para formar plateias cinéfilas em áreas rurais; e o trabalho da também malinesa Fatoumata Diabaté, o Studio Photo de la Rue, que consiste na montagem de estúdios de rua para recriar a estética dos grandes mestres da fotografia africana dos anos 1950-60, foram fundamentais para a idealização do Estúdio África, dedicado a criação de coleções deslocadas de matrizes euro-centradas.