Discurso Motivacional (ou não faz mais que sua obrigação)

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Autoria Patrick Alexsander Bastos Santos

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Neste trabalho, feito em plena pandemia, momento de isolamento e ensimesmamento forçado, tomo a liberdade de fazer um mergulho interno, em que revisito momentos pessoais, memórias afetivas, vivifico cenas provenientes de sonhos e ressignifico a minha própria história, enquanto exorcizo meus próprios demônios. Nesse sentido, “Discurso Motivacional” não é apenas uma videoarte ou uma videoperformance, mas é também um vídeo-ritual, na medida em que dá luz a um processo liminar que integra uma experiência subjetiva transformadora, ultrapassando, portanto, os modos representacionais do fazer artístico. Desse modo, pude também fazer uso de um momento tão crítico e perturbador como o que vivemos, que é a pandemia da covid-19, para ressignificar seus entraves através do fazer artístico e de uma revisitação do eu, explorando, portanto, a arte como uma ferramenta psicanalítica, em todo seu poder expressivo e canalizador. Assim, pude fazer deste trabalho uma amálgama que reúne de cenas experimentais e espontâneas que são registros que podem ser lidos como videoperformances, a momentos mais articulados e estruturados em que pude explorar questões problemáticas de modo mais esquemático. Todos esses momentos distintos se articulam em coesão com o Eu e com o caráter traumático e afetivo de que provêm e do caráter simbólico e disruptivo em que se desdobram. Ainda que, certamente, se demonstre como um trabalho de forte cunho pessoal, há um apelo intersubjetivo nele, à medida que as problemáticas a que faço alusão podem ser partilhadas ou concebidas num nível coletivo – não na medida em que dizem respeito a estruturas sociais determinadas, mas na medida em que a experiência de mundo que temos, contornados por sujeitos outros, é uma experiência conjunta e compartilhada, em que os próprios sofrimentos são partilhados, comuns e compreendidos (no sentido mais etimológico da palavra, “cum prehendere”). Nesse sentido, a obra está longe de ser hermética, apresentando uma paisagem que pode deitar-se sob a captura do olhar do espectador. “Discurso Motivacional” não é somente um autoretrato, é uma obra, ou melhor, um ritual de Mim para Mim, do Mundo para Mim e de Mim para o Mundo.