A POMBAGEM “O Museu é a Rua”

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Autoria Paula Luciano; Manuela de Oliveira Santos Ribeiro; Fabricio Silva de Brito
Detalhes Paula Luciano, mestre em Estudos Comparativos Culturais pela Universidade de Lyon e doutoranda em Estudos Transculturais pela mesma universidade em cotutela com o Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade pela UFBA, integrante do Grupo de Arte Popular A Pombagem, brasileira. / Manuela de Oliveira Santos Ribeiro, museóloga e mestra em museologia pela UFBA, pesquisadora e artista de teatro de rua do Grupo de Arte Popular A Pombagem, integrante do Movimento de Teatro de Rua da Bahia (MTR-BA) e articuladora da Rede Brasileira de Teatro de Rua - RBTR, brasileira. /Fabricio Silva de Brito, filósofo e mestrando em Cultura e Sociedade pela UFBA, integrante do Coletivo de Políticas Culturais da UFBA, idealizador e coordenador do Grupo de Arte Popular A Pombagem, integrante do Movimento de Teatro de Rua da Bahia (MTR-BA) e articulador da Rede Brasileira de Teatro de Rua - RBTR, brasileiro.

Detalhes

Este vídeo constitui uma possibilidade de tradução poética do que foi a temporada de circulação do espetáculo O Museu é a Rua, do Grupo de Arte Popular A Pombagem, apresentada ao redor de cinco monumentos de Salvador, nos meses de agosto e setembro do ano de 2019. O grupo, oriundo da periferia da capital baiana, vem se consagrando pelos espetáculos engajados politicamente mas, sobretudo, pela criação de uma linguagem própria: o teatro-monumento. Esta proposta de teatro de rua visa à musealização dos espaços abertos, isto é, busca-se aí a compreensão de uma musealização que transcenda os muros dos museus institucionalizados e se destine ao patrimônio urbano. Este se torna o espaço privilegiado e o espetáculo, a sua temporalidade. Tempo e espaço se cortejam e se conjugam na mística do jogo e do rito milenares. Além de ser uma expressão milenar, o teatro de rua apresenta-se como uma manifestação cuja estética transita entre a cultura popular e a mais pulsante e vital poesia contemporânea. No presente vídeo, o teatro de rua preserva a sua ancestralidade sem deixar de dialogar com a contemporaneidade. Entram no espetáculo as cenas cotidianas de transeuntes, moradores locais e vendedores ambulantes. Entram, ainda, os elementos da cidade em permanente transformação, sobretudo os testemunhos históricos. Foi assim que o espetáculo O Museu é a Rua visitou o Cruzeiro do São Francisco, no Pelourinho; o Busto a Catulo da Paixão Cearense, na Fazenda Grande do Retiro; a Herma a Luís Gama, no Largo do Tanque; a Estátua a Maria Quitéria, na Praça da Soledade; e o Busto ao General Labatut, no Largo da Lapinha. A experiência de circulação do espetáculo ao redor dos referidos monumentos, situados ora no centro ora na periferia da cidade, motivou um processo de criação complexo, transversal e relacional. Quebrou-se o muro que separava a periferia do centro da cidade, e esta superação das barreiras hierárquicas evidenciou a obsolescência dos binarismos e/ou dicotomias cartesianas. O que existe, pois, é fluxo, devir, acontecimento. Tudo isso convergindo para o plano do simbólico e do imprevisível, e é justamente essa a nuance poética que buscamos: transcender as fronteiras da institucionalidade e experimentar o museu que está nas ruas. No início da pandemia, um dos integrantes do grupo de arte popular A Pombagem veio a falecer. Conhecido como Índio por uns e Palhaço Perdido por outros, Ramon dos Santos, também chamado de Caboclo das Matas, foi acometido pela violência das ruas no mês de março de 2020. É a ele que dedicamos este vídeo-poesia.