Museu Virtual da Lusofonia: Comunicação e travessia tecnológica
Fernando Augusto Silva Lopes
A proposta desta comunicação é discutir a tecnologia como uma mediação cultural, em um museu virtual, que remete às questões do design de mídias ópticas, onde os princípios metodológicos dos cientistas sociais se fundem com a prática alfanumérica dos engenheiros. Esse debate surge da necessidade de pensar a materialização da cultura por meio de algorítmos que traduzam a linguagem matemática de uma forma legível na comunicação humana. Novas técnicas digitais exigem novas mídias. Da câmara escura à linearidade dos ecrâs desmistifica-se a lanterna mágica e transforma-se o tempo do humano em um tempo de luz. Os meios tecnológicos que gestaram a fotografia, o cinema, a mídia televisiva estão se tornando híbridos, ao serem seduzidos pelo universo matemático da computação.
Dentro do universo digital, a luz se torna um dos expoentes simbólicos fundamentais, desde as transmissões de fibra ótica até a materialização de imagens em telas, o meio e as formas de (in)visualidade imagética estão contidos ou contêm a luz. Os dados transformados em luz não têm limites para a transmissão e materialização das representações humanas. A cultura contemporânea parece ter se tornado um dos resultados da apropriação tecnológica da luz. É preciso iluminar as consequências dessa racionalidade numérica, que está mediando construções culturais como a representação, a identidade e a produção humana. Uma questão que se destaca na cultura contemporânea é o advento do digital, o que impõe uma outra base epistemológica aos estudos da cultura: a visão como construtora de legibilidade cultural.
A questão fundamental a abordar nesta comunicação é a experiência do Museu Virtual Lusofonia e a sua migração para a plataforma Google Arts and Culture. Dentro dessa relação entre tecnologia e cultura que vem mudando as relações sociais, econômicas e políticas, será debatido qual é o papel de um Museu Virtual, enquanto produto algorítmico, capaz de (re) significar a cultura contemporânea. Algumas questões tornam-se relevantes para esta comunicação: como pode um Museu Lusófono fazer a travessia tecnológica para o universo Google? Como o português se configura como língua de produção de conhecimento? Para vislumbrar essas questões, será necessário debater a razão comunicacional do Museu Virtual da Lusofonia em sua relação visceral que une tecnologia, comunicação, estética, arte e (re)produção de conhecimento.
Por fim, esta comnunicação abordará o museu e a linguagem, tal como apresentados pelo Google Arts and Culture, ou seja, um desenvolvimento lógico de uma sociedade em rede: uma cultura da luz. Dentro deste contexto a realidade artística lusófona, as possibilidades de construção de projetos vinculativos e reeducadores, a partir do Google Arts e Culture, tornam-se infinitos e inexplorados. A própria possibilidade de utilização dessa ferramenta como instrumento de geração de renda e divulgação na mídia ainda está em fase larval. Desta forma, é possível pensar que a digitalização de museus é uma tentativa de exploração simbólica da era digital ou está-se diante de uma nova forma de pensar e fruir?
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