Aliadas em Movimento: Casa virtual do feminismo moçambicano
Catarina Casimiro Trindade, Solange Rocha, Fábio Barros, Alessandra Paes, Aieda Freitas
Criada em Moçambique no contexto do COVID-19, a Plataforma digital Aliadas em Movimento é parte do programa Women’s Voice and Leadership – ALIADAS/Centro de Aprendizagem e Capacitação da Sociedade Civil (CESC) e surge num contexto desafiador de efervescência, vigor e energia das colectividades feministas na construção de movimento(s) coesos, vibrantes e proactivos pelos direitos das mulheres.
Este programa foi pensado para ser um veículo que amplia a voz e fortalece a liderança de organizações estabelecidas, grupos emergentes, grupos informais, redes, plataformas e movimentos de mulheres. São valorizadas as abordagens e metodologias feministas transformativas, o que implica o reconhecimento da necessidade de transformação das normas sociais e relações de poder, para fortalecer a capacidade de gestão e sustentabilidade, a performance no desenho e implementação de programas e advocacia dos colectivos existentes, assim como a eficácia das redes e movimentos de mulheres.
Em Moçambique, as limitações tecnológicas revelam as marcas das desigualdades sociais e expõem as desigualdades de género. Em 2017, apenas 22.4% das mulheres tinham acesso a um telefone celular, contra 30.8% dos homens. Entre as mulheres, o acesso à internet é de 5.3% comparativamente aos homens, que é de 8.1%. Já o acesso ao computador é de 3.1% para as mulheres e 5.8% para os homens (INE, 2018).
Para enfrentar esta realidade agudizada pela pandemia do COVID-19, a plataforma é o primeiro espaço digital que combina um acervo digital do feminismo moçambicano, formação online, inclusão e activismo digital. Transformou-se na “casa virtual dos movimentos de mulheres e dos feminismos”. Passou a ser um lugar seguro, animado, leve, onde se contam histórias, que inspira curiosidade e o desejo de estar juntas, um lugar de voz e de participação.
A metodologia de criação, implementação e animação da “casa virtual” esteve nas mãos de uma equipe de pesquisador/as e arte design, de Moçambique e do Brasil. Foi realizada uma exaustiva busca de informações, de forma a criar um acervo de material em diferentes formatos e com histórias, em constante actualização. Todo o processo teve a participação das organizações e colectivos feministas moçambicanos, através de um comité de ‘amigas críticas’ e formações, indução para aumentar a literacia digital de 30 grupos, redes do movimento de mulheres e feministas. Pela sua flexibilidade e facilidade de interacção, foram escolhidos e personalizados os softwares livres WordPress e Moodle.
Esta proposta de comunicação pretende, diante do exposto, trazer as experiências de criação e implementação (ainda em fase inicial) desta ‘casa’ virtual, enfatizando as suas inúmeras potencialidades, nomeadamente o enfrentamento da iliteracia digital e o combate às injustiças sociais.
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