Diálogo de/sobre coletivos culturais e suas ações de enfrentamento a desigualdades e opressões
Natan Carlos Raposo Duarte, Igor Cardoso Ribeiro, Mauro Cesar Alves, Vera Solange Pires Gomes de Sousa
A comunicação pretende um diálogo entre grupos e coletivos culturais para pensar em suas produções enquanto ações de enfrentamento a desigualdades e opressões, através de um viés democrático. São discutidas suas práticas no ramo artístico e cultural, entendendo-as como produtos de uma necessidade de empoderamento social, a partir de suas metodológicas e referenciais teóricos diversos. São grupos dialogados nessa comunicação:
- Oitão Cênico – Grupo fundado em fevereiro de 2009 na região do Cariri cearense, que desenvolve uma contínua investigação artística guiada pela experimentação e pelo sentir, tendo esses como eixo criativo de uma poética cênica. O resultado dessa pesquisa são os espetáculos Cacos para um vitral (2014), Translocadas (2017) e Pacoitão para mudar o mundo (2019) encenações abertas, em contínuo processo e construídas de forma colaborativa, em que corporeidades cênicas são expostas por meio das contingentes afetividades que tiramos do armário, afetos estes que foram socialmente constrangidos em nossos corpos e são ressignificados na cena, em uma contínua busca de des/construção poética;
- Coletivo T.E.I.A. – Coletivo que apresenta-se como uma organização cultural dotada de políticas, práticas, gestão e interação institucional, com gestão coletiva horizontalizada, localizando-o como um grupo artístico interdisciplinar que tem como poética as suas vivências insterseccionais, numa perspectiva afro-referenciada. Suas discussões giram em torno dos deslocamentos perpetrados pelo grupo a partir da sua prática artística, política e sensível e suas reverberações na sociedade na qual se inserem, a partir das tranças discursivas e sentidos gerados nas interação dos corpos que compõem essa coletividade.
- Cia BELUNA de ARTE – Companhia fundada em 2003 por estudantes de artes cênicas da UFBA que atua em diversas vertentes culturais, com foco na inserção social. Seu rol de ações abarca criação e produção de espetáculos de teatro e dança adultos e infantis, oficinas artísticas, saraus, documentários em audiovisual e produção literária. Tem como premissa contribuir para a construção cidadã, com projetos voltados para: desenvolvimento do protagonismo juvenil; valorização da cultura afro-brasileira; salvaguarda de patrimônio imaterial e estímulo a leitura, promovendo o desenvolvimento da autonomia e contribuindo para reflexão social.
- Lavadeiras de Bastião – Grupo que atua junto a periferia de Icoaraci onde o performer e o sujeito do cotidiano estão num continuo diálogo, onde a cultura é o eixo norteador da cena com a realidade vivida. Desse modo, as Lavadeiras são o elo para o debate sobre democracia, bem como o combate à desigualdade e opressões, numa ação revolucionária e silenciosa estratégicas. Trabalham e cantam para a libertação da nova geração na busca de novo horizonte social que desconstrua o patriarcado e a escravidão moderna. A etnocelogia é a metodologia aplicada, com particularidades amazônicas. As Lavadeiras de Bastião propiciam ao performer uma ação de incorporação na comunidade – tanto para si como para os sujeitos – e suscita o debate social onde estes estão inseridos.
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